Reservei esse post para explicação do modelo que usarei ao narrar as aventuras de alguns personagens que interpretarei em mesas de RPG.
A narrativa se destinará, basicamente, a uma espécie de diário imaginário narrado em primeira pessoa que revelará os pensamentos e conflitos internos dos personagens enquanto a aventura é contada.
O diário é algo completamente paralelo ao jogo: Não existe naquele mundo, e o personagem não dedica tempo nem esforço a ele. Trata-se de algo completamente abstrato como o desabafo de um subconsciente inexistente. Um modelo irreal, tal como o adotado por Machado de Assis nas “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Porém, com uma grande diferença: O narrador não se sente em uma condição especial. Brás Cubas narra suas experiências após sua morte, e, deliberadamente, goza das vantagens dessa condição. Em suas narrativas meus personagens se mostrarão tão – ou mais – vulneráveis e sensíveis quanto nos momentos de apuros por eles relatados.
Os personagens/narradores estão convictos de que suas narrativas jamais se tornarão públicas. Quem sabe reveladas a um seleto grupo de pessoas próximas, em algum futuro indeterminado. Não é assim que nos sentimos quando nos encontramos oprimidos pelos cantos de parede, isolados, no meio de uma tempestade de razões e pensamentos que nos fazem sentir ainda mais só? Quase somos dominados por uma vontade gritar, expor o que vemos, o que pensamos, o que sentimos. Mas se - os outros - tivessem a capacidade de entender o que temos a mostrar, não estaríamos em tal situação.
Situações narradas por nós para nós mesmos, como se fossemos mostrar para mais alguém, mas, com a certeza de que isso nunca acontecerá.
Momentos de isolamento, com fortes sentimentos, idéias extraordinárias, toda uma magia que nunca revelamos – qualquer tentativa de fazê-lo seria vã. Momentos que são a minha inspiração para seguir esse modelo de narrativa. Não conseguirei trazer a pompa e a dramaticidade de muitos desses momentos – até por que esse não é o único foco da narrativa – mas darei o máximo de mim.
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